Uma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite.
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava coice,
mas tão delicioso, que a ferida no peito
transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.
A manhã sempre-sempre, e dociastuto
seus caçadores a correr, e as presas
num feliz entregar-se, entre soluços.
E que mais, vida eterna me planejas?
O que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.
===== Carlos Drummond de Andrade, A Vida Passada a Limpo, 1959.
ola Valéria, acredita que so hoje li seu comentario? Nao foi falta de atençao nao,mas é que como vc comentou em um post antigo nao me dei conta disso. obrigada pelos elogios e vim rapidinho aqui no seu cantinho xeretar e posso te dizer que to adorando,lindo texto esse. bjs querida e apareça sempre que quiser.
ResponderExcluirSusi do Copy& Paste