O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas.
Uma tristeza mais antiga que o seu espírito.
Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos.
A pessoa que estivesse ao seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.
Pois ela estava entregue a alguma coisa misteriosa, infante.
Ninguém ousaria tocá-la nesse momento.
Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a.
Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo parasse.
Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro,
ela acordava como um cabrito recém-nascido
se ergue sobre as pernas.
Voltara de seu repouso na tristeza.
Clarice Lispector
Eu, enlutada de mim mesma.
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